Uma noite de cultura e ativismo
Prêmio Destaq Baixada 2018 laureou 19 projetos e pessoas que fazem a diferença na região
Douglas Mota

Neste exato momento, existem pessoas e instituições transformando para melhor a Baixada Fluminense. São artistas, ONGs, projetos sociais, ativistas e muitos outros trabalhando com pouco ou nenhum financiamento e incentivo por parte do Estado e da iniciativa privada. Nessa miscelânea de pessoas que querem fazer a diferença, duas delas trabalham para que todos esses agentes tenham visibilidade. Foi na noite do dia 13 de abril, no Teatro Raul Cortez, no coração de Duque de Caxias, que o casal Anna Carvalho e Rafael Diamante entregou o prêmio Destaq Baixada 2018 a 19 personalidades e projetos da região.
A terceira edição da premiação começou oferecendo ao público uma amostra da música clássica que se produz aqui. Normalmente restrita a poucas casas de espetáculo da capital, esse estilo musical foi trazido pela Orquestra Sinfônica da Baixada Fluminense, sediada em São João de Meriti e que recebeu o prêmio ano passado. Sob regência do maestro Iracito Cerqueira, os músicos apresentaram clássicos da música erudita e da MPB: “Como é grande o meu amor por você”, de Roberto Carlos, foi interpretado pela soprano Fabiane Fernandes, e “Carinhoso”, de Pixinguinha, por Jaildes Amorim.
A Orquestra ainda acompanhou a apresentação de Vivi Alves, uma das vencedoras, que interpretou o “Concerto para uma voz”, de Saint-Preux. Já o projeto Violinos do Amanhã, de educação musical infanto-juvenil no instrumento, apresentou melodias populares, como “Alecrim dourado” e “Asa branca”, de Luiz Gonzaga. Dos ganhadores, também balançaram o Raul Cortez diversos cantores. Key Farias fez uma versão pagode para a música “I believe I can Fly”, de R. Kelly. Jussara Gomes, por outro lado, escolheu a MPB e deu sua voz a “Resposta ao tempo”, de Nana Caymmi. Já o roqueiro Beto Comarca escolheu fazer uma homenagem a Cazuza, que faria 60 anos em 4 de abril, com “Codinome beija-flor”, acompanhado do saxofonista Zé do Sax.
Outros projetos levaram movimento ao palco. O Arte Carioca Urbana, de dança de rua, harmonizou as batidas pesadas com movimentos certeiros e em sincronia. Os meninos e meninas do Centro Cultural Donana, de Belford Roxo, encarnaram outro tipo de dança: a capoeira. E os pequenos músicos da escola de samba mirim Pimpolhos da Grande Rio transformaram o palco na passarela do samba. Em comum, os três são projetos de formação artística, em que crianças e jovens saem transformados pelo mundo da arte.
A maior homenagem da noite, contudo, não foi para nenhum dos 19 premiados. O gaúcho João Cândido, falecido há quase cinco décadas, entrou para os livros de História por ter liderado a Revolta da Chibata, em 1910. Marinheiro e filho de escravos, lutou para que cessassem os castigos físicos aos negros e mulatos na Marinha, dando início a um dos movimentos de contestação mais importantes da República Velha. Morou em São João de Meriti, onde morreu, em 1969.

Em nome do pai, Adalberto Cândido recebeu a Moção Póstuma Histórica, junto ao ativista Frei Tatá. “É muito significante, hoje, estar aqui presente”, agradeceu o filho. Atualmente, movimentos sociais e a família de Cândido lutam para que seja erigido em Meriti um museu em homenagem ao marinheiro. Completando o tributo, foi tocada, no violão, a canção “O mestre-sala dos mares”, composta em 1975 por Aldir Blanc e João Bosco em homenagem ao Marinheiro Negro.
Outros ganhadores da noite foram: Tião Quirino, um dos fundadores da escola de samba Inocentes de Belford Roxo; o diretor teatral Guedes Ferraz; Waldyr Netto, ator e artista plástico; o site O Melhor da Baixada; o poeta e escritor Marcio Rufino; Adriana Igrejas, escritora; a empresa de eventos Orium Planet; o ator Paim Silva; e o projeto Criança do Futuro, de educação através do futebol. Conheça mais sobre eles a seguir.
Projeto Arte Carioca Urbana
Quando eles estão presentes, o espetáculo é certo. As batidas fortes e o revirar de luzes coloridas anunciam que os dançarinos do projeto Arte Carioca Urbana, de São João de Meriti, estão no pedaço. O grupo, cujos integrantes chegam à excelência da dança de rua, nasceu em 2013. Desde então, quase 50 dançarinos profissionais já se formaram, e outros 120 estão em formação. Com o apoio do projeto, os alunos podem tirar o DRT, o registro profissional dos artistas, gratuitamente. No Raul Cortez, integrantes dos grupos ArtBitches, ArtGirls e Sênior explodiram o palco.
Marcio Rufino
Professor, poeta, escritor, ativista social. O trabalho de Márcio Rufino, de Belford Roxo é vasto. Mas ele resumiu brevemente sua história no palco do Raul Cortez com uma amostra de sua poesia. A obra escolhida foi “A Hora Livre”, publicada nesta edição de BaixadaZine. Formado em História, também escreveu o livro “Doces versos da paixão”, lançado em 1998, atuou em peças e foi agente educador de cultura de um projeto da prefeitura de Nova Iguaçu.
Adriana Igrejas
A escrita é uma das formas que Adriana Igrejas encontrou para difundir a literatura. Professora da disciplina há 27 anos, a escritora, de Mesquita, já lançou seis títulos desde 2011, além de ter participado de obras coletivas. Caminho natural para quem descobriu a paixão pelas palavras bem cedo. “Eu já escrevia quando era criança. Tenho guardados versinhos e histórias. Os mais antigos são de quando eu tinha sete anos de idade”, conta, destacando a importância dos livros paradidáticos, dos que encontrava na biblioteca da escola e os didáticos naquele tempo. Escolheu a faculdade de Letras já pensando em ser escritora. “Acabei dando aulas, é meu ganha-pão. Em sala de aula passo para meus alunos minha paixão pela literatura e escrita”, diz Adriana. Nesta edição, publicamos um de seus contos: “A mulher e o canário”.
Projeto Violinos do Amanhã
A semente do projeto Violinos do Amanhã foi plantada em 2005, quando Márcia Brair começou a lecionar música para crianças, por incentivo do interesse do filho pela arte, então com apenas cinco anos. O esquema de aulas, integrado à Orquestra Sinfônica da Baixada Fluminense, durou até 2010, quando se separou, nascendo o Violinos do Amanhã. Atualmente são 60 alunos — sendo que 35 já se apresentam —, de 3 a 14 anos, que participam das aulas. “Tem um repertório voltado para eles. As aulas são lúdicas e com linguagem infantil, e suas apresentações acabam despertando o interesse de outras crianças”, diz a fundadora, Márcia Brair. Muitos desejam seguir carreira na OSBF, além de se capacitar para trabalhar com música em outras grandes orquestras, nas Forças Armadas e em eventos.
Sebastião Quirino
Sebastião Quirino foi co-fundador de uma das escolas de samba mais novas e mais queridas da Baixada: a Inocentes de Belford Roxo, que desfila na série A e já chegou ao Grupo Especial em 2013. Fundada em 1993 como bloco de carnaval, a agremiação já homenageou sua terra em 1998, com o enredo “Viva a Baixada: longos passos do progresso rumo ao Terceiro Milênio”, no Grupo de Acesso B. Tião Quirino, como é chamado pela comunidade, contribui para essa trajetória como diretor de carnaval da escola.
Waldyr Netto
De Belford Roxo, Waldyr Netto é ator, artista plástico, cenógrafo e ativista cultural.
Criança do Futuro
O Criança do Futuro é uma organização filantrópica que promove a cidadania através do futebol. São dezenas de crianças e adolescentes atendidos, em Belford Roxo. Receber a premiação foi muito comemorado por todos os integrantes, e seus dirigentes ficaram impressionados com a quantidade e qualidade de outras iniciativas reveladas naquela noite. “Nós, agentes de mudança, não estamos sozinhos”, disse Paulo Cesar, o PC, fundador do projeto.
Beto Comarca
O mesquitense Beto Comarca é um dos maiores ícones do rock na Baixada. Ativo desde 1983 na cena, já integrou uma banda nos anos 80 e participou dos festivais Rock Primavera e Luna Rock, em Nova Iguaçu, e do Festival de Rock da Baixada, na quadra da Beija-Flor de Nilópolis. Na década seguinte, fundou o “Ponto zero do rock”, hoje uma webrádio focada em descobrir novos talentos e tendências. Foi também naquele tempo que fez parte da equipe do programa PRO Rock, que foi transmitido por três anos na Novos Rumos FM, primeira rádio comunitária do Brasil, sediada em Queimados. Desde então, foi construída uma lista longa de projetos na área: Viaduto do Rock Mesquita, Quinta Rock, Rock na Feira, Conexão Baixada Rock… Também é membro do Conselho de Cultura de Mesquita e ajudou a ocupar o Centro Cultural Mister Watkins. Em breve, deve lançar mais um CD, totalmente autoral. Outro álbum lançado teve parte do valor arrecadado para instituições beneficentes. “Através da cultura é possível revertermos a maioria dos problemas sociais que atravessamos”, diz o ativista. “O Destaq Baixada contribui diretamente para uma nova visão de esperança e futuro para o país”.
Nossa Galeria de Arte
Quando se fala em galerias de arte, é comum pensar encontrá-las apenas na Zona Sul do Rio, ou, no máximo no Centro. Mas na Baixada também tem uma, com trabalho diverso de artistas da região e de outras partes do Brasil, cujo acesso é gratuito pela internet. Trata-se da Nossa Galeria de Arte. A iniciativa é fruto do trabalho da artista plástica e multimídia Xanda Nascimento, que administrou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e da fotógrafa Adriana Nassar. Em 2007, abriram uma galeria física num shopping de São João de Meriti. Dois anos depois, o projeto já estava aberto na internet. Desde 2012, o espaço virtual se tornou o lugar exclusivo da galeria. Este ano, a Nossa Galeria de Arte alcança a marca de 100 exposições realizadas, com a participação de cerca de 200 artistas, provenientes de 70 cidades, de 18 estados.
Centro Cultural Donana
O Centro Cultural Donana já tem três décadas de atividades em Belford Roxo. Entre a alfabetização de crianças nos anos 80 e as exposições, shows e saraus de poesia do século XXI, já passaram pelo local dezenas de talentos. Atualmente são tocados projetos de capoeira, ensino da língua inglesa, moda, dança de rua, poesia e música, sem falar da exposição fotográfica “O que as mulheres esperam [?]”, de Carlos Zürck.
Mas essa história já teve seus baixos. De 1994 a 2009, o Donana fechou as portas, voltando pelo trabalho de voluntários. E em 2015 houve uma grande reforma, que foi financiada pela banda O Rappa, que se formou ali. Aliás, a história do reggae fluminense passa por lá: a primeira banda regional do ritmo, a KMD-5, nasceu no centro cultural, formada pelos irmãos Dida e Marrone Nascimento. O baterista Marcelo Yuka e o baixista Lauro Farias, ambos de O Rappa, também integraram a banda dos dirigentes do Donana. Já o também baixista Bino Farias, irmão do Lauro, costumava assistir aos ensaios musicais. Mais tarde, veio a se juntar com Da Gama e Bernardo para formar a banda Lumiar, que mudou de nome para Cidade Negra.
A cada sarau de poesia, realizado mensalmente, são reunidos mais de cem poetas e músicos. Segundo o diretor executivo Wagner Nascimento, cerca de 50 bandas tocaram no Donana em 2017. “A existência de um local de resistência como o Donana é fruto da falta de espaços públicos para exercício da arte, que acreditamos andar de mãos dadas com a educação e com a geração da identidade de uma região”, diz Wagner.
Key Farias
Já no coquetel de lançamento do prêmio, no início do ano, a cantora Key Farias mostrou a que veio. Com uma pequena amostra de sua voz, inebriou a plateia no Centro Cultural Mister Watkins, em Mesquita. No Raul Cortez, o agradecimento pelo prêmio veio em forma de música, abrasileirando um hit estrangeiro: “I believe I can fly” ganhou uma versão no ritmo do pagode.
Jussara Gomes
A carreira musical de Jussara Gomes está intimamente relacionada com o Centro Cultural Donana, de Belford Roxo, que também foi premiado pelo Destaq Baixada 2018. De lá, sua voz alcançou outros palcos, exibindo uma desenvoltura e talento dignos de qualquer grande estrela da MPB.
Vivi Alves
A versatilidade de Vivi Alves transparece em sua carreira. A cantora, de Duque de Caxias, coleciona passagens por projetos de diversos ritmos, da música clássica ao rock, passando pela discoteca de décadas passadas. Só o fato de ser formada pelo Conservatório Brasileiro de Música e atuar como soprano na Orquestra Sinfônica da Baixada Fluminense e já revela o nível de seu talento, comprovado ao vivo no Teatro Raul Cortez no dia da premiação. No entanto, sua voz também passeia por outros caminhos. A herança erudita está presente na banda deCifra me, da qual foi vocalista, que toca músicas de metal sinfônico. Ainda no metal, integrou a banda Mortarium, de doom metal, formada apenas por mulheres. Já na banda K-Sete Club Band, faz covers de clássicos das décadas de 60, 70 e 80, como Bee Gees, K.C. and the Sunshine e Cheryl Linn. Agora, o momento é de focar na composição e gravação de um álbum solo e conciliar as apresentações com as aulas de música que ministra.
Pimpolhos da Grande Rio
Arte, meio ambiente, trabalho coletivo. Essas são algumas das marcas do trabalho de uma escola de samba. Mas não qualquer uma. A mirim Pimpolhos da Grande Rio, nascida afiliada da gigante de Caxias, foi fundada em 2002, tornando-se uma ONG independente da escola-mãe dois anos depois. Desde então, centenas de crianças e adolescentes já passaram por seus projetos educacionais, artísticos e culturais. Só no desfile, na Marquês de Sapucaí, são mais de mil integrantes. Parte deles é formada pela Escola de Carnaval, principal plataforma da escola. Nela são oferecidos cursos, oficinas, exposições, visitas e até bolsas de estudo. São profissionais de todas as etapas do carnaval, da música à confecção de fantasias, que vêm ensinar pessoas de todas as idades. Muitas ingressam neste mercado logo após e em outras profissões ligadas à arte. A formação, além da questão técnica aprimorada, também tem como norte a formação cidadã, com o reaproveitamento de materiais e o trabalho em equipe.
Paim Silva
O melhor cover de Charles Chaplin do Brasil é da Baixada. Paim Silva é seu intérprete e pretende mostrar sua versão à família do próprio ator, na França, onde deve encontrar a filha Geraldine Chaplin. Mas o trabalho de Paim vai além. Com o TEATRoFICINA, leciona as artes cênicas a dezenas de alunos em Nova Iguaçu. Com alguns de seus pupilos, aliás, fundou a Trupe Arremessados. O grupo se fantasia de palhaços, heróis e princesas para visitar e alegrar asilos, orfanatos e hospitais. “É uma arte que edifica a sociedade”, resume o ator, que começou carregando caixas, figurinos e cenários numa companhia de teatro, há mais de 20 anos, como contou no documentário “Distribuindo amor”.
Orium Planet
Poucas iniciativas culturais conseguem atuar em tantas frentes e criando projetos tão consistentes, como a Orium Planet. A empresa de eventos fundada pela empresária Sueli Ribeiro em Duque de Caxias já organizou até o Festival de Jazz & Blues na Baixada, com transmissão no canal Music Box Brasil. Além da música, já levou a Caxias peças teatrais como “Violetas na janela”, da atriz Ana Rosa, “Qualquer gato vira-lata”, shows de humor e clássicos espetáculos infantis.
Wilson Protetor
Cachorros, galinhas, gatos, porcos, cavalos, cabras… O amor de Wilson Protetor pelos animais não reconhece as divisões da biologia. Com a ajuda de seguidores, o morador de Belford Roxo comprou um sítio, em 2012, e construiu nele um abrigo para os animais que recolhe na rua, abandonados e vítimas de maus tratos. Ainda com as doações, contrata veterinários e compra os medicamentos dos bichos. Em 2015, um vídeo produzido por um canal estrangeiro no YouTube viralizou. Nele aparecem cenas de diversos resgates feitos por Wilson e da recuperação dos animaizinhos, inclusive casos em que eles estavam muito feridos. Com a repercussão, chegou a ser chamado de “melhor pessoa da internet”, depois que descobriram outros tantos atos de bondade registrados em sua página no Facebook. Quem vê sua rotina tão tomada pelo trabalho social pode nem imaginar: em entrevista ao jornal Extra, em 2014, Wilson Protetor disse ser alérgico aos pelos. Mas nada que um remédio no bolso não resolva.
Guedes Ferraz
“O teatro depende muito do grupo”, disse o diretor teatral Guedes Ferraz ao receber o prêmio. Com seus companheiros das artes dramáticas, tem transformado a cena do teatro em Duque de Caxias desde 1983. Nos anos 90, fundou o Centro de Pesquisas Teatrais de Duque de Caixas (CPT-DC), que oferece formação em teatro, inclusive para jovens carentes da favela vizinha Parque Vila Nova, e organiza o Festival Nacional de Teatro da cidade. Ele também revitalizou o Teatro Municipal Armando Melo, no centro, antes um espaço com poucos investimentos do poder público. Um ex-aluno, em entrevista à Folha de S.Paulo em 2003, resumiu a herança que recebeu do CPT: “Minha mãe dizia que teatro era coisa de branco e de rico. Eu, preto e pobre, também posso fazer teatro”.
O Melhor da Baixada
Surgiu como página no Facebook e hoje é um dos maiores meios de comunicação da região. O Melhor da Baixada foi criado, como o nome sugere, para divulgar o lado bom dos 13 municípios que costuma ficar de fora do noticiário nos grandes veículos. Com a experiência de ter passado pela produção da TV Globo, Carlos Soton avançou com o projeto rumo a um site próprio e, no ano passado, inaugurou uma nova redação em Nova Iguaçu. Em entrevista ao Portal Comunique-se, na ocasião, explicou que o site também abre espaço a pautas não tão positivas, mas necessárias, como doenças e pessoas desaparecidas, mas sem comprometer a ideia inicial. “O preconceito com a região ainda existe e senti isso em diversas situações, desde entrevistas de emprego até papo com amigos. Trabalhar hoje em um projeto que tenta ajudar a diminuir isso é extraordinário”, disse.
Índice – Edição III
2. Poesia: “A hora livre”, de Marcio Rufino
3. Galeria: Flores da Baixada – fotografia
4. Reportagem: Prêmio Destaq Baixada 2018
5. Poesia: “À trois”, de Gabriela Rezende
6. Reportagem: Baixada em dados
7. Conto: A mulher e o canário, de Adriana Igrejas
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