Engessado
Marcelo Bragança Rua
Quando Morte e Nascimento se tornam equivalentes
E “sim” e “não” significam “talvez”
Tudo mais me parece indiferente:
Eu me apaixonei pela última vez.
Quando o Amor nasce e morre no mesmo logradouro
E se tornam idênticos e repetitivos os dias do mês,
A última vez é sempre a primeira:
Eu me apaixonei pela última vez.
Formulo perguntas fadadas a ficarem sem resposta
E tudo que me resta é este abismo imenso:
Atlas suportou o peso dos Céus nas costas,
Porém não suportaria o peso do seu silêncio
E nem mesmo Héracles poderia lhe aliviar
Das geleiras vindas de um seu olhar.
Quem sabe não sou eu
A Mão e a Luva
A esmeralda e o Camafeu
O Príncipe e o Mendigo
Frankenstein O Moderno Prometeu
Talvez eu seja apenas um seu amigo
Ou apenas um Tolo Apaixonado.
Quando se tornas sutis os limites que separam
Insensatez e Bom Senso, Loucura e Razão
Forma e Tamanho, Cor e Padrão
Quando Motivação se funde com Desânimo
E Homônimos se confundem com Antônimos
Trate de tomar cuidado:
Não seja você como eu algum Tolo Apaixonado.
Após um dia de chuva o Sol se torna mais forte
Mas essa Luz é falsa: são Falsos Ídolos, Falsos Deuses
Após a Tempestade vem a Temperança
Mera ilusão: eu tudo venci e ganhei
Mas no caminho deixei cair todas as Esperanças:
Eu me apaixonei pela última vez
Yeah!
Índice – Edição II
2. Poesia: “Trabalho sujo”, de Dany Vigné
3. Galeria: Olhar da Baixada – fotografia
4. Poesia: “A última vez”, de Robertha Oliveira
6. Poesia: “Engessado”, de Marcelo Bragança Rua
7. Entrevista: Henrique Rabelo, economista: “É preciso ‘produzir cidade’ na Baixada”
8. Conto: “Folia de Reis”, de Rafael Diamante
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