À beira do Sarapuí
Rennan Cantuária
Acorda cedo e já cansada
Nesta morada que nos pestaneja.
Caminha pela Mirandela,
fronte ao sol, rumo à linha férrea.
Então galga a escada danada
Que, de tão parada, não rola nem leva
Pra sempre tomar a facada
de R$ 5,00, sem choro nem vela.
Atravessa os portões da Cruel,
Olinda se vai descendo à cidade
E se avista o ramal Santa Cruz,
reconhece de longe uma forte irmandade.
Tem chocolate, pele, sorvete,
latão, bate-bague e até poesia,
Raspa do juá que tudo cura
Valei-me desta claustrofobia!
Atravessa sobre o Rio Pavuna
mas logo retorna e diz Meriti;
Se da Baixada correu ligeiro,
foi só pra voltar e resistir.
É que pode Deus sarar,
pode Deus até puir
que da Baixada ninguém a tira,
daqui não quer sair.
Longe dos cartões-postais,
Guarda o Gericinó-Mendanha pra si
Pois gosta mesmo é de viver
feliz à beira do Sarapuí.
Blog | Facebook | Instagram | Twitter
Índice – Edição VII
2. Poesia: “À beira do Sarapuí”, de Rennan Cantuária
3. Reportagem: Muito além da Supervia
4. Reportagem: Rodovias sob nova direção
5. Poesia: “Violência contra mulher”, de Kaká Freitas
6. Galeria: Beto Teixeira – desenho e assemblagem
7. Reportagem: Outros olhares para a cidade
8. Poesia: “Porções”, de Marlos Degani
9. Reportagem: Gramacho: a cidade do lixo parada no tempo a 30 km da praia de Copacabana
10. Galeria: Janaina Tavares – fotografia
11. Conto: “Metalinguagem”, de Gabriel Fontoura
Navegue pela revista por meio das páginas abaixo ☟