Porções
Marlos Degani
O verso deve servir de confessionário
estocado nos armazéns velhos da alma,
e somente o poeta pode, pois é fingido,
seja ele tímido ou atirado, tecer a magia
e elevar a previsível condição da palavra
à possibilidade imediata de virar poesia?
– E é dele o flit que pulveriza e enfumaça
a tela que impede a pedra de ter a vidraça?
E o poema não corrige o sal dessa sopa rala,
uma mistura de significantes e significados,
no caldeirão da verdade bêbada da mentira
desesperada em desfazer as carnes da utopia
dos inquietos que creem no limite obcecado:
o de ser ao mesmo tempo exato e exasperado.
Índice – Edição VII
2. Poesia: “À beira do Sarapuí”, de Rennan Cantuária
3. Reportagem: Muito além da Supervia
4. Reportagem: Rodovias sob nova direção
5. Poesia: “Violência contra mulher”, de Kaká Freitas
6. Galeria: Beto Teixeira – desenho e assemblagem
7. Reportagem: Outros olhares para a cidade
8. Poesia: “Porções”, de Marlos Degani
9. Reportagem: Gramacho: a cidade do lixo parada no tempo a 30 km da praia de Copacabana
10. Galeria: Janaina Tavares – fotografia
11. Conto: “Metalinguagem”, de Gabriel Fontoura
Navegue pela revista por meio das páginas abaixo ☟